Sobre o Raul Rock Club


Um fã-clube atípico

Um dos fãs-clubes de Raul Seixas, o encabeçado por Sylvio Passos é o que se poderia chamar de anti-fã-clube. Ou, melhor ainda, aquele que faz tudo que um fã-clube normalmente não faz. Sylvio foi responsável, por exemplo, pelo lançamento de um dos discos mais raros – e procurado a peso de ouro, hoje em dia – de Raul. É um coletânea do que ele considerou as maiores pérolas do autor, com gravações inéditas, intitulado Let Me Sing My Rock´n´Roll. Além disso (e apesar de não ter ganho um só tostão com esse disco), Sylvio se prepara para lançar, logo após ou simultaneamente ao LP de Raul, uma antologia poética do artista que levará o nome de A Metamorfose Ambulante. Alô, editores, vale a pena ver o matéria, riquíssimo!

Para chegar até Raul, Sylvio colocou um anúncio no jornal. Um belo dia, o então empresário de Raul armou um encontro. “Quando ouvi Raul pela primeira vez, pensei: ´Esse cara deve ser muito louco. Preciso conhecê-lo´. Quando nos encontramos, olhamos um para o outro e era como se nos conhecêssemos há anos. E não nos desgrudamos mais”, conta Sylvio. “Ele é um grande amigo meu”, disse Raul em um dos vários telefonemas para acertarmos a entrevista.

A amizade é tão forte que Raul deixou aos cuidados de Sylvio escritos e mais escritos pessoais, fitas e mais fitas raras – além das que o próprio Sylvio gravou ou conseguiu -, fora a infinidade de reportagens e toda a discografia completa do artista. Conhecendo o Raul e Sylvio, dá para perceber que o artista ganhou um admirador à sua altura.
Ao contrário de Raul, Sylvio não curte apenas o rock dos anos 50. Além dos pais do estilo, ele gosta – e muito – dos Doors, Lou Reed, jazz, jazz-rock e blues, e declara que o Smack é a melhor banda de rock daqui. Este é o perfil do garoto de 23 anos que está no comando de um dos poucos fãs-clubes dignos de nota no Brasil. Quem tiver interesse, basta escrever para a Caixa Postal 12106, agência Santana, CEP 02098, SP. E, como diz o carimbo que Sylvio sempre coloca em suas correspondências: PARE, PENSE, ENTENDA.

Sônia Maia
Revista BIZZ
Março 1987

PRESERVANDO A MEMÓRIA DO MALUCO BELEZA

Um dos melhores fãs-clubes que um ídolo poderia desejar é, sem dúvida, o Raul Rock Club. Até certo ponto, a biografia de seu fundador, Sylvio Passos, se confunde com a do próprio Raul Seixas. Inaugurado em 28 de Junho de 1981 – isso mesmo, a data do trigésimo sexto aniversário de Raul. Além de manter uma excelente memorabília de seu super-herói – a qual merece um parágrafo só para ela daqui a pouco – Sylvio possui grande parte das gravações inéditas e particulares de Raul (sobre as quais também logo falaremos), e teve a suprema honra de dar apoio moral ao seu ídolo nos tempos difíceis dos últimos anos. Basta dizer que, Raul, ao ser perguntado sobre datas e eventos de sua carreira, costumava dizer “Ah, falem com o Sylvio Passos, ele sabe de mim melhor que eu mesmo!”.

Curiosamente, Sylvio é um raulseixista temporão. Nascido no bairro paulistano de Vila Maria em 1963, passou a adolescência comandando fãs-clubes de Led Zeppelin, Jethro Tull e King Crimson, antes de gostar de Raul ou de qualquer outro artista brasileiro. No fim dos anos 70 veio o estalo e o grande interesse por rock brasileiro, incluindo o grupo Terreno Baldio e, claro, Raul. “Ouvi o LP Krig-Ha, Bandolo!, aí veio como uma porrada”, resume Sylvio, que passou a tirar o atraso.

Em 1981, Sylvio publicou em alguns jornais um anuncio pelo qual procurava tudo o que se referisse a seu novo herói, inclusive contato pessoal com o próprio. E funcionou: Luis Antônio, presidente do Beatles Cavern Club, passou-lhe o telefone e endereço de Raul, no bairro paulistano do Brooklin. “Liguei, ele estava bêbado, pensou que eu fosse o Silvio Santos e disse que topava aparecer no programa.” A confusão de Raul deu lugar ao espanto de Sylvio, quando descobriu que o cantor, além de morar num sobrado algo modesto, era pessoa das mais simples convidando Sylvio para almoçar e lhe servindo pessoalmente macarrão – com as mãos. Desde então Raul manteria contato com Sylvio até dois dias antes do ídolo falecer.

Mais que fã, Sylvio revelou-se grande irmão e amigo. Inclusive o Raul Rock Club foi o primeiro fã-clube brasileiro a editar um LP, no caso Let me Sing my Rock and Roll, reunindo gravações não incluídas em discos normais de Raul – ao lado de Canto Para Minha Morte , fácil de ser encontrada (no álbum Há Dez Mil Anos Atrás), mas que entrou neste LP a pedido do próprio Raul. E isto foi apenas o começo: Raul sempre empenhado em se perpetuar, confiou a Sylvio todo seu acervo de fitas (inclusive rolos, gravado nos anos 50-60, antes mesmo da invenção da fita cassete) com demos (incluindo sua primeira composição, uma balada-rock, por volta dos 18 anos), ensaios, aparições em televisão, sobras de estúdio e muito mais. Sylvio e Raul planejaram reunir essas gravações numa série de cinco LPs intitulada O Baú do Raul – até o momento foram editados apenas dois, o primeiro com o mesmo título, lançado em 1992 pela Polygram, e o segundo lançado em 1994 pela Gravadora Eldorado com o título Se o Rádio Não Toca.

Este espaço é realmente insuficiente para falarmos do acervo do Raul Rock Club que, além das gravações, inclui manuscritos, livros, discos de vários artistas e roupas (inclusive os sapatinhos que usou quando bebê e o manto de mago da época dos LPs Krig-Ha, Bandolo! e Gita), sem falar no primeiro violão de Raul e de inúmeras fotos, muitas tiradas pelo próprio Sylvio.

Com um presidente tão dedicado, não se admira que o Raul Rock Club tenha aproximadamente 4 mil sócios (“Dos oito aos oitenta anos e das classes mais variadas, do garoto de rua ao alto executivo”, diz Sylvio), tendo chegado a reunir 20 mil na época da morte de Raul. Realmente, podemos resumir a trajetória de dedicação e sucesso do RRC, bem como o entrosamento entre fã e artista, a duas frases cantadas pelo próprio Raul “Nunca se vence uma guerra lutando sozinho” e “Sonho que se sonha junto é realidade”.

Ayrton Mugnaini Junior
Revista Shopping Music Especial #7
Maio de 1998.

O RAUL ROCK CLUB

Poucos fãs-clubes têm uma vida tão longa como este Raul Rock Club, que, mesmo após dez anos da morte do artista, continua em franca atividade. O Raul Rock Club – primeiro fã-clube dedicado ao astro – conta hoje com um cadastro de aproximadamente 4.000 pessoas em todo o Brasil. A entidade, que se confunde com sua figura principal, o presidente Sylvio Passos, consegue manter viva a memória e o imaginário raulseixistas, que é o modo como os fãs de Raul se autodenominam.

Sylvio é um paulistano nascido na Vila Maria, que desde cedo se apaixonou por coleções. Quando criança, colecionava pipas, selos, dinheiro, peões, figurinhas e seu hobby era pegar livros de um vizinho que tinha vários filhos e, enquanto o resto da turma estava em cima das árvores roubando ameixas, Sylvio se divertia com as figuras das páginas que explicavam o cosmo e o ser humano. Mas sempre fazendo clubinhos e juntando pessoas e no colégio ligado ao pessoal do grêmio e agitação estudantil, como festas em que fazia o som – era Dj –, e só punha discos de rock’n’roll.

Com a frase “It’s only Raul Seixas but I like it”, emprestada dos Rolling Stones, explica sua paixão pela música de Raul. Nem sempre foi assim, porém. De tanto ouvir música brasileira na casa paterna – a mãe alagoana, fissurada em Jackson do Pandeiro e Luís Gonzaga; o pai pernambucano, fã de carteirinha do Nelson Gonçalves –, Sylvio gostava mesmo era do que vinha de fora: o rock inglês e americano. Chegou a fundar vários fãs-clubes, como o do Led Zeppelin, do Jethro Tull e o fracassado clube do King Crimson, que conseguiu a desagradável marca de contar apenas com dois sócios. Quando se desradicalizou, como costuma dizer, trocou todos os seus discos e pôsteres dessas bandas para montar a União dos Roqueiros Brasileiros, a URB. Foi quando começou a cair em suas mãos material do Terço, Terreno Baldio, Som Nosso de Cada Dia e Raul Seixas. O mesmo Raul que tocava direto nas rádios bregas, e para quem ele torcia o nariz. Porém, quando ouviu a música Metamorfose Ambulante (de onde tiraria posteriormente o nome para o fanzine do fã-clube), Sylvio mudou de opinião. E mudou a ponto de transformar a sua URB em Raul Rock Club, homenageando, com esse nome, o Elvis Rock Club, que o próprio Raul fundara tempos atrás, em Salvador.

Um “escolhido”
O “Silvícola”, como era carinhosamente chamado por Raul, foi conhecer o ídolo quando este se mudou para São Paulo. Sylvio lembra até hoje do endereço: rua Rubi, número 26, no Brooklin. Havia conseguido o telefone de Raul com o presidente do fã-clube Beatles Cavern Club, Luís Antônio. Pensou, pensou, encheu-se de coragem e ligou. Do outro lado da linha, Raul estava embriagado, confundiu-o com Sílvio Santos, e já foi logo dizendo que fazia o programa. Desfeito o mal-entendido, convidou Sylvio para ir até sua casa. Raul e Kika receberam o tímido rapaz, que não queria nem almoçar. Acabou almoçando. Uma hora, foi ao escritório da casa, que tinha uma decoração estranha – com uma boneca sentada num bidê –, uma porção de frases pintadas na parede e muitas fotos espalhadas. Numa das fotos, Sylvio se reconheceu – tinha sido tirada num show no extinto teatro Pixinguinha, quando os fãs subiam para cantar Sociedade Alternativa. Mostrou a foto para Raul, que lhe respondeu enigmaticamente: “Você está aqui porque é um dos escolhidos”.
O encontro virou amizade e Raul passou a carregar Sylvio por todos os cantos, como roadie e amigo. A vida dali para a frente nunca mais foi a mesma. Sylvio largou a namoradinha, os estudos (queria ser psicólogo ou jornalista) e passou a ser reconhecido na rua devido à sua convivência com Raul. Com uma notoriedade inesperada, da noite para o dia, e dedicando-se a leituras místicas e esotéricas, acabou conhecendo a loucura. Como ele mesmo diz, tem o fã que pira, queima todos os discos do Raul e entra para a Igreja Universal do Reino de Deus. Com ele aconteceu algo semelhante: perdeu o contato com a realidade e passou dois anos na Clínica Tobias, onde foi internado pelo próprio Raul.

Quando recobrou a lucidez, retomou a vida, casou-se e foi trabalhar como vendedor do Círculo do Livro. Com a normalidade voltaram também as atividades do fã-clube, e a convivência com Raul até os últimos dias do ídolo.

Escreveu um livro, intitulado Raul Seixas – Uma Antologia, em co-autoria com Toninho Buda, parceiro de Raul, e organizou outro, Raul Seixas por Ele Mesmo, ambos da editora Martin Claret.

A sede do fã-clube funciona em sua casa , que ele chama de “Cúpula do Relâmpago Dourado”. Atualmente, a “Cúpula” oferece aos seus sócios material relacionado à vida de Raul. Tem discografia, fotos e estudos sobre o artista. Aqueles que se associarem recebem uma foto autografada de Raul e uma carteirinha do fã-clube, tornando-se assim um autêntico raulseixista e passando a receber em casa duas publicações trimestrais: um bolteim sobre as atividades do fã-clube e um magazine de nome Metamorfose.

André Bertoluci
Revista Caros Amigos Especial #4
Agosto de 1999

O início, o fim e o meio.

Em 1981, Sylvio Passos, então com 17 anos, procurou Raul Seixas para pedir-lhe material diferente, inédito, para seu fã clube “não convencional”, onde os admiradores iam bem mais para discutir as ideias do que para trocar figurinhas do ídolo. Raul gostou da ideia e doou logo uma pilha de objetos pessoais. O jovem, impressionado, comentou: “Desse jeito eu vou é fazer um museu seu!”. E, de alguma maneira, estava certo.

O Raul Rock Club logo passou a receber muitas outras peças por intermédio do artista, da família, das ex-mulheres e de amigos, formando um acervo de cerca de cinco mil itens. São fotos, cromos, roupas, troféus, letras, diários, manuscritos e diversos outros objetos que, hoje, Sylvio guarda em sua casa, esperando a oportunidade de acomodar em um lugar adequado à visitação pública. “Não gosto de chamar de museu, soa muito antiquado, prefiro memorial”, diz ele. Perguntado sobre quais seriam as três peças principais, Sylvio se apoia numa música do ídolo para introduzir a resposta: “Três é um número bom, é o início, o fim e o meio!”. Lista, então, alguns dos objetos com os quais convive há muitos anos. Começa com o violão dado pela mãe de Raul quando ele tinha 14 anos e que, inicialmente, segundo a própria D. Maria Eugênia, ficou meio de lado.

Aquele violão, pouco depois, serviria para criar suas primeiras músicas e fazerem soar o que Sylvio acredita serem os primeiros acordes iniciais do rock “legitimamente brasileiro”. Já da maturidade do roqueiro, é citada a capa de mago com que Raul teria desenvolvido seu misticismo e ensinado ao amigo e parceiro Paulo Coelho. “Dessa capa saíram bons frutos e, posteriormente, um montão de dólares!”, brinca Sylvio. A peça escolhida do final da vida de Raul é um fúnebre, mas atesta a intimidade que partilhou com Raul nos seus últimos oito anos de vida: é o pijama que o baiano usava na noite em que morreu.

Mais do que um colecionador, Sylvio Passos se tornou um nome central para todas as pesquisas atuais sobre Raul Seixas. Nesta segunda (17), por exemplo, recebeu em sua casa um amigo americano de Raul, Daniel Dickason, que trazia uma interessante correspondência trocada com Raul entre 1969 e 1971. “Ele se queixava muito do governo e da dificuldade de gravar bons discos no Brasil”, conta Daniel, lembrando que, na época, o roqueiro ainda era um funcionário da CBS, não o mito de poucos anos depois.

Os originais dessas cartas acabam de ser incorporados ao acervo para o qual Sylvio busca abrigo. “Já me ofereceram espaços em Salvador, mas acho que a Bahia está muito mais ligada naquela coisa de axé, que não tem nada a ver com Raul. O memorial tem de ficar em São Paulo, cidade que ele escolheu para viver”, argumenta. Nem bem termina a frase séria, Sylvio ainda não resiste a uma saída típica do ídolo. “Se não for aqui, pode ser em Nova York…”.

André Domingues
Diário do Comércio
21 de agosto de 2009

MEU AMIGO RAUL

Todo o acervo de Raul tem dono: Sylvio Passos. Conheça a história de amizade entre eles, que começou quando o paulistano tinha 17 anos

Sylvio Passos não é só mais um fã de Raul Seixas. Ele é o guardião de toda a sua memória e o criador do primeiro fã clube oficial do cantor, o Raul Rock Club. Não bastasse a responsabilidade de preservar a memória do Maluco Beleza, ele teve a chance de ser amigo pessoal de seu maior ídolo. Tudo começou aos 17 anos, quando resolveu botar um anúncio no jornal para conseguir o telefone de Raul, que acabava de se mudar para São Paulo.

“Disseram que eu estava louco. Mas aquilo me chapou tanto que eu resolvi botar o anúncio. Que maluco, né? Mas funcionou! Consegui o telefone, liguei, e em pouquíssimos dias lá estava eu na casa do Raulzito para um almoço. Eu era muito novinho, não tinha nem barba na cara”, recorda Sylvio.

Hoje aos 52 anos, o paulistano da Vila Maria tem muito a contar sobre a convivência com o ídolo. O nervosismo em vê-lo pela primeira vez tomou conta, mas Raul deu um jeito de quebrar o clima de insegurança: “Eu estava estático na mesa, trêmulo e gaguejando. Era como se estivesse na frente de Janis Joplin e Jimi Hendrix, porra. Pra quebrar o gelo, ele meteu a mão numa travessa de macarrão e colocou no meu prato dizendo ‘menino, come aí que você já é de casa'”.

Sylvio era mais um daqueles garotos que ouvia rock com os colegas da escola e odiava tudo que fosse cantado em português. “Eu achava o Chico Buarque um chato, o Caetano Veloso um porre”, diz. A música que mudou tudo foi Metamorfose Ambulante, do LP Krig-ha, Bandolo! (1973). O encanto foi tanto que ele resolveu esquecer o preconceito e criar o fã clube de Raul, em 1981.

A admiração pelo músico nunca acabou, mas o encantamento deu lugar a uma grande amizade ao mesmo tempo em que o fã clube crescia. “Foi o único oficializado pelo próprio músico, surgiu em 1981. Tenho todo o acervo do Raul até hoje. Tem roupas, cartas que ele mandava para namoradas e fotos. É o famoso Baú do Raul”, conta Sylvio. Para ele, existe um motivo pela simpatia de Seixas pelo projeto: “Como é que um menino de 17 anos diz estar mais preocupado em preservar a memória do que idolatrar?”

A convivência se tornou diária e Sylvio estava em todos os rolês preferidos de Raul, das baladas de rock aos restaurantes de comida japonesa. Dormia na casa do ídolo e começou a fazer um bico de roadie em seus shows. “A primeira vez que eu andei de avião na minha vida foi com ele”. Entre a diversão e os ensinamentos, Sylvio também esteve presente em momentos que mostravam cada vez mais que o artista era um cidadão comum, que precisava correr ao hospital por problemas de saúde e pagar contas no banco.

Por falar em problemas de saúde, Sylvio desmente a figura doidona que as pessoas têm de Raul. “O que quase ninguém conseguiu captar é que ele era uma pessoa que criou um personagem para vomitar suas insatisfações. O maior problema na vida dele foi o álcool. A única droga que ele tinha uma afinidade era a cocaína. Detestava maconha, falava que baiano já era meio lerdo, se fumasse ficaria mais ainda [risos]. Também nunca tomou ácido, nem pico. Tinha pavor de agulha. A única injeção que ele tinha que tomar era a de insulina para diabetes e pancreatite.”

E há quem diga que chegou o momento em que o criador e a criatura começaram a se confundir. Para o dono do fã clube, a figura de Raul e a ideologia pregada por trás de sua música e dos gritos de “Viva a sociedade alternativa” foram muito fortes para toda uma geração e para o próprio cantor. “Mexeu com a cabeça de muita gente. Conheço quem virou evangélico depois da morte do Raul por achar que estava adorando o demônio. Realmente acredito que teve um momento em que ele próprio se confundiu, provavelmente pelo abuso do álcool.”

“No fundo do oceano existe um baú que guarda segredos
almejados por gênios, sábios, alquimistas e conquistadores
Eu conheci esse baú num estranho ritual reservado a poucos
Hoje eu posso enfim revelar que essa busca de séculos
Foi em vão”
Raul em A pedra do Gênesis

Esse é o trecho que abre o último disco gravado por Raul, A pedra do Gênesis, de 1988, exatamente um ano antes de sua morte. Para o fã, já demonstra uma insatisfação e o “processo deprê muito grande” pelo qual o cantor estava passando. “Apesar de tudo, ele era um maluco beleza, do bem. Tirava sarro de todo mundo. Mas já no final da vida eu comecei a sentir que ele não estava feliz, andava insatisfeito e irritado. Penso que ele estava morrendo, que a essência dele estava se acabando”, diz Sylvio emocionado ao lembrar do final triste da carreira do ídolo.

Com a morte de Raul, em 1989 aos 44 anos, a mãe dele dividiu seus pertences e separou uma grande parte para Sylvio. Hoje, o maior acervo do cantor é do criador do Raul Rock Club, que sempre foi mantido sozinho pelo fã-amigo. “Fui o único louco que seguiu com isso. Já faz 34 anos”, diz ele, que ainda hoje mantém contato com a família e se considera um agregado. Todo ano sagradamente no dia 21 de agosto, data de morte do cantor, Sylvio participa da passeata que acontece em São Paulo em homenagem ao Maluco Beleza. Neste ano, fará uma apresentação com sua banda de blues Putos BRothers Band.

“O maior ensinamento que o Raul me deixou foi eu me conhecer. Fiz uma versão de Meu amigo Pedro, a Meu amigo Raul, falando exatamente isso, que ele me ajudou a reconhecer tudo o que tinha em mim que eu não enxergava. Ele ensinou muito para a legião de fãs que conquistou. Ensinou a não aceitar imposições, a não se curvar, a não ter um olhar unilateral para o mundo. Metamorfose ambulante traduz muito isso”, conta.

Metamorfose é a música que Sylvio usa de referência para tudo, mas não é a sua preferida. “É mais fácil falar as que eu não gosto! [risos]. Mas quando eu ouço qualquer música parece que estou conversando com ele. Eu entendo cada respiração, cada vírgula, cada coisa que ele está dizendo ali. É como se ele estivesse conversando comigo, mas sem essa punhetagem de divindade. Se ele era um mago? Depende. Se for aquele mago da Disney, não [risos]. Mas se for um mago que consegue transformar palavras confusas em poemas, esse eu posso dizer que sim.”

CAMILA EIROA
Revista TRIP
20 de agosto de 2015

ANTIFÃ-CLUBE*

Alguns dias antes, em um bar cheio de quadros e imagens de Raul e dos Beatles nas paredes, na rua Augusta, centro de São Paulo, converso com Sylvio Passos. Pela primeira vez o fã que virou amigo do seu ídolo não estaria na passeata raulseixista. Na verdade, ele já tinha presença marcada em Brasília para também homenagear Seixas nos 28 anos da sua morte.

Sylvio, de 54 anos, é músico e produtor, gaitista e compositor da banda Putos BRothers Band e o fundador do Raul Rock Club, o primeiro fã-clube oficial dedicado ao Raul Seixas. Do ídolo e amigo ganhou o apelido de ‘Silvícola’.

Ele conta que na sua época de colégio, aos 11 anos, gostava de colecionar moedas e revistas em quadrinhos com os amigos. Sylvio foi crescendo, e junto crescia seu amor pela música, pelo “rock ’n’ roll propriamente”. Assim, as coleções passaram a ser não mais de moedas e gibis, mas de itens relacionados à música. Porém, no período, o que o então garoto preferia ouvir eram músicas em outros idiomas, como de bandas inglesas e holandesas. Passos era fã do Led Zeppelin e em 1977 montou um fã-clube dedicado à banda. Mandou cartas para o grupo, mas nunca teve respostas. Em seguida, criou mais dois fãs-clubes para bandas de rock progressivo, King Crimson e Jethro Tull. O objetivo era manter contato com pessoas que compartilhassem do mesmo interesse.

Seu pai, pernambucano, era fã do Nelson Gonçalves, e sua mãe, alagoana, também só ouvia música nacional. Mas ele admite que era radical naquele tempo e odiava músicas em português. Porém, com o passar dos anos, começou a “desradicalizar”. “Porque eu traduzia aquelas letras de músicas em inglês e uma boa parte delas não dizia absolutamente nada. Era mais o ritmo, era mais a música mesmo do que o texto. Aí comecei a prestar atenção em Chico Buarque, Caetano Veloso…, e nisso me caiu um disco do Raul.”

De certa forma, o barbudo sempre perseguiu Sylvio. Aonde o jovem ia com os amigos podia ouvir o baiano: em parques de diversão, festas de aniversário e até em velórios. E ele odiava. “Mas, com a abertura da minha cabeça, absorvendo tudo de música boa brasileira, o Raul foi o que bateu mais forte. Primeiro pela musicalidade, porque tinha ali uma coisa de rock ’n’ roll e de blues. Depois, pelos textos e pela atitude dele.”

Por volta dos anos 1980, decidido a prestar uma homenagem para o seu ídolo depois de ver a imagem da carteirinha do Elvis Rock Club, fã-clube fundado por Raul para Elvis Presley, na contracapa do disco “Abre-te Sésamo”, lançado na época, Sylvio publica um anúncio em jornal procurando por itens do cantor brasileiro, incluindo o endereço do artista. Uma semana depois, o rapaz foi procurado pelo Luiz Lennon, presidente do Cavern Club, fã-clube dos Beatles no Brasil. Ele tinha o telefone da casa de Seixas e queria se certificar de que o responsável pelo anúncio não era um lunático. Com o contato em mãos, foram precisos dois dias para criar coragem: “E se ele me mandar à merda?”. Mas ligou, e o próprio Raul atendeu:

— Alô, Raul?
— Alô, é o Raul, quem é?
— Aqui é o Sylvio.
— Oh, Silvio Santos, eu faço seu programa!
— Não, aqui é o Sylvio Passos, estou fazendo um fã-clube para você.
— Um fã-clube para mim? Nunca ninguém fez um fã-clube para mim. Você pode vir almoçar aqui comigo para me contar essa história?

O até então apenas fã quase não acreditava. Tinha 17 anos, pensava em cursar psicologia ou jornalismo, trabalhava, namorava, mas a visita na casa do Raul foi um “divisor de águas” na sua vida, nas suas palavras.
Passaram-se 36 anos desse encontro. De lá para cá, Sylvio aprofundou-se em estudos sobre filosofia, trabalhou como produtor musical, fundou sua banda e ainda se dedica a reunir informações sobre Raul.

A admiração de Sylvio por Seixas pode ser explicada pela valorização de características do músico que ele buscava acrescentar na sua própria vida. “Como em todo processo identificatório, o que é bom são as características positivas que a relação com o outro pode trazer. Assim, há diversos traços que vão estimular determinados hábitos e comportamentos nas pessoas marcadas por essa relação com seu ídolo”, diz a professora Vanina.

Aliás, as letras do Raulzito lhe chamaram a atenção pelos temas de questão existencial e filosófica, mas a postura do cantor era o mais marcante. “Não tinha outro artista no Brasil com aquela atitude”: por mais que Raul incorporasse influências americanas, sua brasilidade o tornava “um ser muito particular”, pois usava expressões tipicamente nordestinas. Aliás, seus amigos, também fãs de Raul, não entendiam aquelas frases, mas, para aquele filho de migrantes do Nordeste do país, elas eram muito comuns — o que só aumentou sua admiração por Seixas.

Como toda a mística que rondava a música de Raul, essa amizade parecia “coisa do destino”. “Ele tinha uma série de coisas coladas na parede, recortes de revista, fotografias de shows… e numa daquelas fotos tinha eu. Eu tinha estado num show dele no Teatro Pixinguinha (em São Paulo) uns três meses antes e aí, naquele monte de fotos, eu disse: ‘Cara, esse cara aqui sou eu.’ Eu era cabeludo, jaqueta de couro, bem molequinho roqueirinho mesmo. Ele disse: ‘Não é a toa que você tá na minha casa, você é o escolhido’.”

Com duas semanas de convivência, a relação fã/ídolo tinha virado amizade, por mais que Seixas achasse a música que Sylvio ainda ouvia “barulhenta”. “O nosso papo girava, claro, muito em torno de problemas pessoais, críticas, filosofias, divagações, mas a música era uma coisa muito presente. Eu mostrava que o Led Zeppelin não era tão barulhento assim e eu também não gostava muito do Elvis. Então ele me ensinou a ouvir não só o Elvis como uma série de coisas que eu não conhecia ali do comecinho do rock ’n’ roll, e eu mostrei para ele umas coisas que ele meio que torcia o nariz.”

Raul chegou a ir à casa de Sylvio, conhecer os parentes do novo amigo. E a família, como reagiu? “Ficou louca.” A mãe é uma senhora rígida, “general e evangélica”, que naquele momento pensou que “o demônio” levava o filho embora.

— “Esse maconheiro…”, ela acusava.
— “Maconheiro coisa nenhuma, é só cachaceiro”, ao que o filho rebatia.

Silvícola também aprendeu a compor com Raul, numa convivência que se tornou praticamente diária. Ele ainda tem pilhas guardadas de discos trazidos dos Estados Unidos por Raul de presente. Tanta proximidade com seu ídolo fez, com o passar do tempo, que Sylvio adotasse o conceito de “antifã-clube” para sua própria fundação, por conta dos fãs mais aguerridos. “Eu comecei a ter um problema muito sério com fãs radicais demais, são muito fundamentalistas.” Segundo o produtor, ele ouvia críticas até mesmo se fosse visto com camiseta de uma banda que não fosse relacionada a Raul. “Eles falam até que eu sou traidor do movimento, que eu sou aproveitador, que eu uso isso para me promover. Pelo contrário, eu promovo Raul desde garoto e vou morrer fazendo isso. Mas eu tenho a minha vida.”

Se o Raul Rock Club não tinha a proposta da idolatria, mas da preservação da memória de um artista, o objetivo segue firme. Com o tempo, Sylvio ganhou itens do próprio Raul, da família e amigos do baiano e hoje mantém o maior acervo particular sobre o músico – ainda que nem a metade da sua coleção já tenha sido exposta ao público. “Ele começou a me dar as coisas, ele mesmo dizia ‘menino, você vai acabar fazendo um museu meu’.” No seu arquivo dizia: encontra-se o pijama usado por Raulzito na noite da sua morte, alguns dos seus cadernos e boletins escolares, ilustrações feitas pelo músico, roupas como a capa que Raul usava nos shows, manuscritos e várias outras preciosidades. Sylvio conta que seu item preferido da coleção pessoal é o primeiro violão de Seixas, que o cantor ganhou aos nove anos de idade, em 1954.

E a coleção só aumenta. Todas as informações que são publicadas sobre o músico na imprensa são catalogadas por Sylvio em um trabalho solitário. O gaitista da Putos BRothers Band já lançou livro, disco, participou de documentário, programas de rádio e televisão, “tudo que você possa imaginar”, sempre em nome da preservação do nome do Raul. É um trabalho que não traz lucros, e que ainda não conta com alguém que dê continuidade a ele – Sylvio está em busca de instituições “de confiança” que possam manter a coleção, mas sem “outras intenções”. Ele tem um filho de 18 anos, mas espera que ele não herde essa “cruz, no bom sentido”.

“Por que passar para outra pessoa? Vai saber o carinho, o cuidado que essa pessoa vai ter. Devolver pra família dele? Não sei, porque eles também têm o material deles lá. Na verdade, ninguém vai ficar aqui para contar história. Então, tem que deixar numa instituição que cuide, que zele e a que todo mundo tenha acesso, porque lá na minha casa não dá para levar todo mundo”, gargalha.

Atualmente, a série de objetos está na casa da sua mãe. Ele diz que não sabe quantos são, mas que nunca conseguiu levar toda a coleção para as exposições que já montou pelo país, pois são muitos. “Tudo sai do nosso bolso, porque é paixão. Não é aquela paixão de fanático, mas é uma coisa que eu faço com muito prazer.”

Nos shows com sua banda, Sylvio costuma ver família inteiras, com diferentes gerações reunidas cantando as músicas de Seixas, e ainda se admira de ver adolescentes que sabem tudo do ídolo. “Uma mãe de uma menininha americana de Washington DC, me ligou um dia falando: ‘Minha filha é completamente enlouquecida pelo Raul, ela fica na internet vendo imagens dele’. Ela tem 12 aninhos, é uma criancinha com síndrome de Down e aqui no Brasil eu também já vi casos como esse.”

Então, o sucesso de Raul não diminuirá? “Daqui 100 anos você vai pegar um texto do Raul e ele vai continuar sendo superatual. Ele se utilizava muito da filosofia, e ela se mexe tranquilamente dentro do tempo. Daí a atemporalidade da música do Raul. Eu digo o seguinte: só vai ter um momento em que o pessoal vai ouvir a música do Raul e vai dizer ‘essa música é velha’… Será quando o Brasil for um paraíso de verdade”, conclui, rindo.

*Excerto do livro-reportagem Lado B: outro olhar sobre fãs de música, de Cíntia Luz Lima, 2017, apresentado como trabalho de conclusão de curso, uma exigência para a obtenção do título de bacharel em Jornalismo, do Curso de Comunicação Social do Fiam-Faam Centro Universitário
https://www.pdf-archive.com/2017/12/14/labob-cintialuz/labob-cintialuz.pdf.

obrigado_raul

Essa é uma ma história sobre 4 pessoas e Raul Seixas
Esta é uma história sobre 4 (quatro) pessoas e Raul Seixas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.
Havia um importante trabalho (fã-clube, divulgação, preservação da memória, etc.) há ser feito, e TODO MUNDO (pessoas comuns, fãs em geral) tinha certeza que ALGUÉM (eu, Sylvio Passos) o faria.
QUALQUER UM (pessoas comuns, fãs em geral, principalmente os ditos “raulseixistas”,”seixistas”…) poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM (você) fez.
ALGUÉM (eu, Sylvio Passos) zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO (você).
TODO MUNDO (você) pensou que QUALQUER UM (pessoas comuns, fãs em geral, etc.) poderia fazê-lo, mas NINGUÉM (você) imaginou que TODO MUNDO (pessoas comuns, fãs em geral, etc.) deixasse de fazê-lo.
No final, TODO MUNDO (você) culpou ALGUÉM (Eu, Sylvio Passos) porque NINGUÉM (você) fez o que QUALQUER UM (pessoas comuns, fãs em geral, etc.) poderia ter feito.

RAUL ROCK CLUB/RAUL SEIXAS OFICIAL FÃ-CLUBE
Caixa Postal 12.106 – Ag. Santana
São Paulo – SP – CEP: 02013-970 – BRASIL

www.raulseixas.org

comentários
  1. Ismael da Silva disse:

    Sylvio eu li aqui neste site que você nasceu na Vila Maria em 1963. Eu nasci também na Vila Maria SP em 1966. Será que a gente não se conhece? Eu nasci mais preecisamente na Pça da Alegria ( Vila Maria Alta). Estudei no cxolégio Imperatriz Leopoldina e depois no Paulo Egydio.

    abraços
    Ismael Silva

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  2. Rodrigo disse:

    Pow muito massa, Raul escolheu a pessoa certa para cuidar de suas raridades.

    Quando eu tinha 9 anos meu pai chamava-me de Raul, pq eu era meio maluco, enquanto a galera escutava e o tchan, bonde do tigrão… entre outras porcarias.. eu estutava Engenheiros, Titas, Biquini Cavadão, Beatles, Bob Dylan, Bob marley.

    Se apaixonei por Raul quando escutando algumas musicas de Zé Ramalho encontrei na discografia dele o disco que ele fez em homenagem ao Raul…Depois dai, eu queria saber de todos os albums do raul, musicas censuradas, livros que ele leu e tudo mais.

    Pena eu nunca ter participado de nem um dos shows dele pq nasci em 1991, meu pai foi pra um, só que Raulzito não foi, e foi uma quebradeira total AFGUYASFGUSF.

    A frase mais foda que eu acho é ”A Onda tá Certa, A Natureza tá Certa”(Quando a onda jogou o carro dele contra o poste)
    Vlw Sylvio belo trabalho

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  3. welder oliveira disse:

    eu fico doente de sintonizar em varias radios que tocam tantas sujeiras para nossa audição e não ouço nem se quer uma canção de raul. sou fã de raul desde pequeno,gosto de todas as musicas de raul curto de mais.

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  4. Euclides disse:

    Sylvio, vc está certíssimo em deixar todo seu acervo em SP.

    Apesar de ser baiano, Raul adorava SP.

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  5. marcos andrei belarmino becker disse:

    adoro ouvir raul seixas tenho 14 anos de idade
    mas a maioria dos meus amigos nao gostao
    mas nem do bola ;pra min raul seixas e um mestre esquesidos
    por todos mas so auguns gostao pra min raul seixas
    d++++++ s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2s2

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  6. Adriano disse:

    Adorei o site, adoro Raul Seixas e suas musicas. Belo trabalho Sylvio, parabéns.
    Grande abraço.

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  7. Joel Fernandes disse:

    Tenho 51 anos e começei a ouvir Raul quando tinha 12 anos de idade… Sem dúvidas é o cantor mais completo que já ouvi em minha vida…. toca todos os gêneros musicais: roque, forró,tango, bolero, samba, canção de niná, ei-ei-ê , romântica, brega, réquien, marcha, happy, blues, e faz tudo isso tanto em inglês como em português e ainda tem algumas em espanhol!!! É um compositor espetacular …. qualquer pessoa que parar para estudar suas letras, não tem como não se impressionar!!! inteligentíssimo!!! um gênio!!!!

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  8. Olá Sylvio, sou do tempo em que trocávamos correspondência por carta. Morando no interior do Paraná, só tomei conhecimento Raul Rock Club, quando saiu na contra capa do LP Raul Seixas. Quando voltando da escola com 15 anos, ouvi Ouro de Tolo, foi paixão a primeira ouvida, ficava com o radio ligado o dia inteiro só para ouvir Raul que tocava em apenas uma radio da cidade a outra não tocava porque diziam que aquilo não era música. Impressionante como o mundo mudou de lá para cá, computador, internet, celular e as músicas do Raul parecem que foram compostas hoje. Grande abraço amigo. Eliseu Marcos Christo.

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  9. Fernando Lafuente disse:

    TOCA RAUL SEMPRE!!!

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  10. valeu silvio é o Paulo da Equipe Tarkus, diretamente de Pirassunungaaaaaaaaaaaaaaa

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  11. Carla disse:

    Raul, grande mestre! 😀

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  12. hudson eduardo ribeiro disse:

    O RAULSEIXISMO NUNCA VAI MORRE. RAUL SEIXAS SERÁ ETERNO.

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  13. cicero helder disse:

    Sou um cara que curte varios estilos e cantores ex: d2 bezerra. racionais. legíão. bob marley. charles brawm entre outros mas sem duvidas o principal é “RAUL SEIXAS”

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  14. QUANDO ACABAR O MALUCO SÓ EU….

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  15. joaby disse:

    Eu sou a luz das estrela,Raul.

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  16. Marcos Oliveira disse:

    Cara tenho que ter minha carteira RRC. Será que já estão cadastrando novos sócios.

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  17. Paulo Roberto ( Sorriso) disse:

    Olá Silvio Passos , conheci você meu amigo quando morávamos no Edu Chaves , estudamos no colegio Cies também e quando a gente ia até a Fofinho Rock club juntos , você sempre me chamava para ir até a Casa do Raul , mas nunca fui ,naquele tempo você ja era muito batalhador e se fez o primeiro grande fan club do Raul. Grande belo Trabalho. Parabéns Silvio Passos. O Grande Raul se orgulha muito de ter esse Irmão que continua seu belo Trabalho. Abraços Amigao.

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  18. fernanda disse:

    muito lindo isso nunca devemos esquecer

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  19. Idaci Francisca Vieira disse:

    Prezado (ª) Boa tarde,

    Tenho varios quadros de Raul Sexas, pretendo passar, por falta de lugar para guardar, se voce tem interesse me ligue 71 91688499 tim 71 81316710 claro

    Um abraço
    Idaci

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  20. […] há 32 anos, o Raul Rock Club/Raul Seixas Oficial Fã-Clube sempre trilhou um caminho diferenciado dos fãs-clubes convencionais, mantendo seu foco […]

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  21. […] há 32 anos, o Raul Rock Club/Raul Seixas Oficial Fã-Clube sempre trilhou um caminho diferenciado dos fãs-clubes convencionais, mantendo seu foco […]

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  22. Ivan disse:

    Salve Raul………….

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  23. […] Para mais informações sobre Sylvio Passos e o Raul Rock Club/Raul Seixas Oficial Fã-Clube acesse: https://raulsseixas.wordpress.com/sobre/ […]

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  24. […] Para mais informações sobre Sylvio Passos e o Raul Rock Club/Raul Seixas Oficial Fã-Clube acesse: https://raulsseixas.wordpress.com/sobre/ […]

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  25. Meu amigo Sylvio Passos.

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  26. Nichelle Bellandi Zapelini Grizon disse:

    existe algo em Salvador (além do túmulo do Raul) para visitar? obrigada

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  27. […] Sobre o Raul Rock Clubhttps://raulsseixas.wordpress.com/sobre/ […]

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