Posts com Tag ‘putos brothers trio’


Em 10 de dezembro de 1973, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, acontecia o show O Banquete dos Mendigos em homenagem aos 25 anos daDeclaração Universal dos Direitos Humanos um encontro histórico com artistas brasileiros entre eles, Raul Seixas.

Com produção de Jards Macalé e Xico Chaves, além de Raul, estavam presentes no evento Chico Buarque e MPB 4, Gal Costa, Jorge Mautner, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Dominguinhos, Luiz Melodia, Edu Lobo, Pedro dos Santos, Johnny Alf, Soma e Edison Machado. Foi lá, inclusive, que Chico Buarque cantou pela primeira vez em público a polêmica “Jorge Maravilha”, provavelmente o maior rock n’ roll que Chico já gravou em sua vida.

Pela primeira vez em LP 180gr fabricado na Argentina com prensas da alemã Newbilt Machinery um documento histórico para fãs, pesquisadores e colecionadores, a íntegra do showDireitos Humanos no Banquete dos Mendigos“, os registros integrais direto dos tapes originais, guardados por Macalé por 40 anos – até serem finalmente revisitados para este projeto único em edição limitadíssima.

Raul Seixas aparece no volume 3 da coleção e toma conta de todo o Lado A do LP. O Lado B abre com um raro registro do Grupo Soma, banda de puro rock and roll Inglês que teve o cantor Ritchie entre seus integrantes e fecha com o genial Chico Buarque acompanhado do MPB-4. Veja abaixo o repertório completo do Volume 3.

SHOW DIREITOS HUMANOS NO BANQUETE DOS MENDIGOS VOL. 3
Lado A
1. Medley – Raul Seixas
a) Al Capone (Raul Seixas – Paulo Coelho)
b) Prelúdio (Raul Seixas)
2. Cachorro Urubu (Raul Seixas – Paulo Coelho) – Raul Seixas
3. Ouro de Tolo (Raul Seixas) – Raul Seixas
4. Mosca na Sopa (Raul Seixas) – Raul Seixas
Lado B
1. Albuquerque Woman (Jaime Shields) – Soma
2. P.F. (Bruce Leitman) – Soma
3. Um Dia (Bruce Leitman) – Soma
4. Medley – Chico Buarque & MPB-4
a) Pesadelo (Maurício Tapajós – Paulo Cesar Pinheiro)
b) Quando o Carnaval Chegar (Chico Buarque)
5. Bom Conselho (Chico Buarque) – Chico Buarque
6. Jorge Maravilha (Chico Buarque) – Chico Buarque

CLIQUE NA IMAGEM ACIMA E GARANTA JÁ O SEU.

CLIQUE NA IMAGEM ACIMA E GARANTA JÁ O SEU.

CLIQUE NA IMAGEM ACIMA PARA MAIS INFORMAÇÕES

CLIQUE NA IMAGEM ACIMA PARA MAIS INFORMAÇÕES


Mesmo após 29 anos de seu falecimento, Raul Seixas continua transitando entre os mortais. Artista singular, sempre presente em toda e qualquer situação no Brasil. Isso deve-se muito a sua autenticidade e à sua obra atemporal. O gigantesco número de seguidores de sua filosofia cresce diariamente em toda a America Latina, mesmo Raul nunca tendo saído do Brasil para fazer shows – ou promover os lançamentos de seus discos – em qualquer lugar do mundo, embora esse tenha sido um sonho dele. Mas, os fãs brasileiros, e de todo mundo, terão, em março, dois lançamentos inéditos que, certamente, irão preencher a lacuna deixada por Raulzito. O primeiro deles, pelos selos Record Collector Brasil e Selo 180 – e, talvez, o mais importante, é a edição de luxo, com capa dupla e riquíssimo material gráfico, do álbum Metrô Linha 743, lançado originalmente em 1984, mas que teve uma faixa não incluída por questão da logística de lançamento do disco na época (a gravação do disco foi complexa, cheia de contratempos, problemas homéricos, muita loucura.). A faixa em questão é Anarkilópolis, lançada em CD homônimo em 2003 pela Som Livre, até então inédita em vinil. Trata-se da primeira versão de Cowboy Fora da Lei, lançada em 1987 alcançando estrondoso sucesso nacional mesmo sem Raul trabalhar shows do lançamento por encontrar-se com sérios problemas de saúde.

O segundo lançamento é o CD “As Melhores do Maluco Beleza Volume 2“, pela Gravadora Eldorado. O CD apresenta músicas extraídas dos discos lançados pela Eldorado e trás uma faixa inédita, As Minas do Rei Salomão, não lançada no álbum “Se o Rádio Não Toca…, de 1994, com um show de Raul em Brasilia em 1974.

Novos lançamentos estão sendo programados, inclusive com material inédito. Vamos aguardar!

SEXTA-FEIRA, 16 FEVEREIRO, 23h00 – ENTRADA FREE
EU NASCI HÁ 55 ANOS
FESTA DE ANIVERSÁRIO DE SYLVIO PASSOS

Festa 5.5 Surround Turbo. Todos convidados!
Putos BRothers Trio
(Sylvio Passos, Agnaldo Araújo & André Lopes)

Show apresentando as influências musicais que povoaram a mente, a alma, a vida de Sylvio Passos.
Vai rolar de tudo. Blues, Rock and Roll, MPB e autorais com direito a pedidos também, claro!

Link Evento Facebook: https://www.facebook.com/events/1962721947378557/

AugustAlternativa
R. Augusta, 520
São Paulo – SP
https://www.facebook.com/Augustalternativa-628429053987128/

Sábado, 17 de fevereiro de 2018 à partir das 19h30
Putos BRothers Trio no EmBARxador
(Sylvio Passos, Agnaldo Araújo & André Lopes)
Vai rolar de tudo. Blues, Rock and Roll, MPB e pedidos.

O Embarxador – Beer & Food
Rua Embaixador João Neves da Fontoura, 306
Santana – São Paulo/SP
Tel: (11)99681 4762
Facebook: https://www.facebook.com/oembarxador/


Tributo a Raul Seixas -TOCA RAUL!
(Comemoração aniversário Sylvio Passos e 1 ano do lançamento do CD “Tá Todo Mundo Puto, BRother!” da Putos BRothers Band.)

Putos BRothers Trio
(Sylvio Passos, Agnaldo Araújo & André Lopes)

Domingo, 18 de fevereiro de 2018
19h00 – $10,00
Link Evento Facebook: https://www.facebook.com/events/1695422110546740/

Grão Espresso Santana
R. Voluntários da Pátria, 3558
Santana – São Paulo/SP
Telefone: (11) 2978-4420
https://www.facebook.com/graovoluntarios


Sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018 – Indaiatuba/SP

Um maluco beleza, uma metamorfose ambulante e um grande ícone do rock nacional! No dia 23, às 21h, o Barão promove uma homenagem ao cantor Raul Seixas, com um tributo para lá de especial, na voz da Putos BRothers Band. Venha curtir A Noite do Maluco Beleza, relembrar grandes clássicos e soltar a voz com a gente!

Ingressos: R$ 10
Informações: (19) 2516 6220
WhatsApp: (19) 99138 5542
Local: Boteco do Barão – rua Humaitá, 700 – Centro – Indaiatuba/SP
Link evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1445122392281421/


Você ainda pode sonhar. Sonho que se sonha junto é realidade.**

Contrato de Raulzito e Os Panteras com a EMI Odeon assinado em 25 de setembro de 1967. Clique para ampliar.

Em 25 de setembro de 1967, o sonho dos quatro garotos soteropolitanos de gravar um disco por uma grande gravadora tornou-se realidade, foi nessa data que Raulzito, Eládio, Carleba e Mariano assinaram contrato com a EMI Odeon, a gravadora dos Beatles, banda inglesa que tanto influenciara Raulzito e seus companheiros.

Contrato de Raulzito e Os Panteras

Contrato de Raulzito e Os Panteras com a EMI Odeon assinado em 25 de setembro de 1967. Clique para ampliar.

A paixão de Raulzito pelo rock and roll se iniciou praticamente na mesma época em que o ritmo jovem nascia nos Estados Unidos, ou seja, no início da década de 1950. Foi com uns garotos do Consulado Americano, lá em Salvador, Bahia. Elvis Presley, Little Richard, Fats Domino, Chuck Berry entre outros enlouqueceram o jovem Raulzito.

“Eu ouvia os discos de Elvis Presley até estragar os sulcos. O rock era como uma chave que abriria minhas portas que viviam fechadas. Usava camisa vermelha, gola virada para cima. As mães não deixavam as filhinhas chegarem perto de mim porque eu era torto como o James Dean. Olhava de lado, com jeito de durão. Cada vez que eu cumprimentava uma pessoa dava três giros em torno do próprio corpo. Eu era o próprio rock. Eu era Elvis quando andava e penteava o topete. Eu era alvo de risos, gracinhas, claro. Eu tinha assumido uma maneira de vestir, falar e agir que ninguém conhecia. Claro que eu não tinha consciência da mudança social que o rock implicava. Eu achava que os jovens iam dominar o mundo.” Raulzito

No entanto, até chegar a formação de Raulzito e Os Panteras, Raul fundou, em 1962, ao lado dos irmãos Délcio e Thildo Gama, o grupo Os Relâmpagos do Rock. Chegaram a se apresentar na TV Itapoan, onde foram chamados de cantores de “música de cowboy”.

Em 1964 Os Relâmpagos do Rock, com nova formação, passam a se chamar The Panthers. Foi também o ano da profissionalização definitiva e da descoberta dos Beatles. Ainda em 1964, The Panthers entra em estúdio para gravar aquela que viria a ser a primeira gravação oficial: duas músicas para serem lançadas em um compacto (“Nanny”/ “Coração Partido”) pela Astor, que acabaram ficando apenas no acetato, não sendo lançadas comercialmente. Somente em 1992, a música “Nanny” seria lançada, entre outras gravações raras, no álbum O Baú do Raul.

O grupo passou então a se chamar Raulzito e Os Panteras. Depois de comprar uma aparelhagem nova e melhor, passou a tocar em boates e em shows em que, muitas vezes, brilhavam astros da Jovem Guarda como Roberto Carlos, Wanderléa, Jerry Adriani e, Rosemary, entre outros. Seus maiores rivais são os grupos de samba e bossa nova, aquartelados no Teatro Vila Velha de um lado e do outro o Cinema Roma, que era o templo do rock and roll, organizado por Waldir Serrão, O Big Ben.

Muitas foram as formações de Raulzito e Os Panteras até chegar naquela que gravou o tão sonhado álbum para a EMI Odeon no final de 1967. Foi Jerry Adriani quem incentivou Raulzito e seus Panteras a irem tentar a sorte no Rio de Janeiro e lá foram eles. Raul, recém casado com a americana Edith Wisner, juntamente com Os Panteras desceram com malas e cuias para a Cidade Maravilhosa. Conseguiram gravar, para a EMI Odeon, o tão sonhado LP Raulzito e Os Panteras. Lançado em janeiro 1968, o disco foi ignorado tanto pela crítica quanto pelo público, chegando a ouvir do produtor artístico Carlos Imperial que eles voltassem pra Salvador, que não conseguiram nada por lá, pois no Rio existiam centenas de bandas fazendo o que eles faziam. O curioso é que o mesmo Carlos Imperial, anos depois, em 1973, declararia que Raul Seixas estava fazendo a música que o povo quer. CLIQUE AQUI E OUÇA A DECLARAÇÃO DE CARLOS IMPERIAL.

“Chegamos em fim de safra. Não entendíamos o que estava acontecendo. Agnaldo Timóteo de um lado, Gil e Os Mutantes de outro. Tocávamos coisas complicadas, minhas letras falavam de agnosticismo, essas coisas, e complicamos demais. Não tínhamos ideia do que era comercial em matéria de música em português.” Raulzito

“De um lado havia a inexperiência de quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical, agnosticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional que só falava em “comercial”. Talvez não tenha sido o disco que o grupo imaginara, mas nosso sonho era gravar um disco.” Eládio

CURIOSIDADES:
Em 1968, além do LP – que foi lançado em 2 versões, uma MONO e outra STEREO -, foi lançado também um compacto simples e num LP com o programa de rádio “Música e Alegria Kolynos. Programa nº 1104

A rara versão em STEREO, propriedade do fã e colecionador Adalberto Oliveira, de Manaus/AM.

A rara versão em STEREO, propriedade do fã e colecionador Adalberto Oliveira, de Manaus/AM.


Raulzito e Os Panteras nunca fizeram shows de divulgação do álbum homônimo. A única vez em que o álbum foi executado na integra com Os Panteras ao vivo foi em 2 maio de 2009 no palco TOCA RAUL! da Virada Cultural, em São Paulo.

Além das edições de 1968, outras edições foram lançadas tanto em LP, K7 e CD nas décadas de 1980 e 1990. Confira no site DISCOGS clicando aqui.

** IMAGENS: Acervo Raul Rock Club/Raul Seixas Oficial Fã-Clube


Tributo a Raul Seixas – TOCA RAUL!
Domingo, 21 de janeiro de 2018

Putos BRothers Trio
(Sylvio Passos, Agnaldo Araujo & André Lopes)

19h00 – Ingresso: R$10,00

Grão Espresso Santana
R. Voluntários da Pátria, 3558
Santana – São Paulo/SP
Telefone: (11) 2978-4420
facebook.com/graovoluntarios


Fazendo um balanço aqui sobre o que foi 2017 para mim e minha Putos BRothers Band posso dizer que finalizamos o ano com saldo positivo, embora, feito Belchior, sem nenhum dinheiro no banco. Iniciamos o ano no Acre e logo em seguida, coincidentemente, em 14 de fevereiro (data de meu aniversário) nascia oficialmente o primeiro filho da Putos, digo, nosso primeiro álbum, o CD “Tá Todo Mundo Puto, BRother!” – que foi bem recebido não só pela crítica especializada como também pelo público. Daí pra frente viajamos o Brasil de norte a sul, inúmeras foram as cidades por onde passamos levando tanto nosso trabalho autoral como nossas homenagens aos nossos ídolos nacionais e internacionais, especialmente Raul Seixas. Nossa passagem por Brasília, em agosto, registrada no vídeo abaixo, reflete exatamente como foram todas as nossas viagens pelo Brasil afora, a mesma energia positiva e a mesma alegria em absolutamente todas.

Não ganhamos nenhum prêmio, nosso maior prêmio foi poder estar junto desse povão todo nesse país “sem eira nem beira”, nem tão velho, mas sem porteira. Eu gostaria muito de citar, uma a uma, todas as cidades, todos os locais, todas as pessoas que nos receberam de braços abertos, mas isso tornaria o texto longo, enfadonho. Pessoas chegaram, pessoas ficaram, pessoas se foram, pessoas sumiram.

Que venha 2018 e que agora possamos invadir o planeta todo. ha ha ha ha… Sonhar não custa nada e tudo, a priori, inicia-se num sonho – e nós não estamos sonhando sozinhos. AMÉM!

Um Feliz 2018 a todos nós porque todos nós merecemos, mesmo num país onde o povo está cada vez mais Puto com fatos que dispensam apresentações e comentários. Que em 2018 continuemos todos Putos, BRothers and Sisters.

SPassos, aquele…, o Puto BRother!

Abaixo a letra da músicaOs Putos Vieram Divertir-seda banda portuguesa UHF.

Os Putos estão aqui
Para mostrar que é aqui
Que tudo começa
Os Putos vieram divertir-se

Os Putos saíram de casa
Pela estrada da fama
Em cada concerto
Os Putos souberam divertir-se

Juntos pra vencer
Pagaram pra tocar
Venha quem vier
Os Putos vieram pra ficar

Filhos desta terra
Cresceram à pressa
Doa a quem doer
Os Putos vieram divertir-se

Por isso cada canção
Oiço a voz de uma nação
Os Putos e os fãs
Juntos vieram divertir-se

Juntos pra vencer
Pagaram pra tocar
Venha quem vier
Os Putos vieram pra ficar

Os Putos estão aqui
Para mostrar que foi assim
Que tudo começou
Os Putos vieram divertir-se

Juntos pra vencer
Pagaram pra tocar
Venha quem vier
Os Putos vieram pra ficar
Pra ficar
Pra ficar
Pra ficar

Facebook:
https://www.facebook.com/PutosBRothersBand/videos/1636616013024365/

YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=myqku4SZZWQ


ANTIFÃ-CLUBE*

Alguns dias antes, em um bar cheio de quadros e imagens de Raul e dos Beatles nas paredes, na rua Augusta, centro de São Paulo, converso com Sylvio Passos. Pela primeira vez o fã que virou amigo do seu ídolo não estaria na passeata raulseixista. Na verdade, ele já tinha presença marcada em Brasília para também homenagear Seixas nos 28 anos da sua morte.

Sylvio, de 54 anos, é músico e produtor, gaitista e compositor da banda Putos BRothers Band e o fundador do Raul Rock Club, o primeiro fã-clube oficial dedicado ao Raul Seixas. Do ídolo e amigo ganhou o apelido de ‘Silvícola’.

Ele conta que na sua época de colégio, aos 11 anos, gostava de colecionar moedas e revistas em quadrinhos com os amigos. Sylvio foi crescendo, e junto crescia seu amor pela música, pelo “rock ’n’ roll propriamente”. Assim, as coleções passaram a ser não mais de moedas e gibis, mas de itens relacionados à música. Porém, no período, o que o então garoto preferia ouvir eram músicas em outros idiomas, como inglês e holandês. Passos era fã do Led Zeppelin e em 1977 montou um fã-clube dedicado à banda. Mandou cartas para o grupo, mas nunca teve respostas. Em seguida, criou mais dois fã-clubes para bandas de rock progressivo, King Crimson e Jethro Tull. O objetivo era manter contato com pessoas que compartilhassem do mesmo interesse.

Seu pai, pernambucano, era fã do Nelson Gonçalves, e sua mãe, alagoana, também só ouvia música nacional. Mas ele admite que era radical naquele tempo e odiava músicas em português. Porém, com o passar dos anos, começou a “desradicalizar”. “Porque eu traduzia aquelas letras de músicas em inglês e uma boa parte delas não dizia absolutamente nada. Era mais o ritmo, era mais a música mesmo do que o texto. Aí comecei a prestar atenção em Chico Buarque, Caetano Veloso…, e nisso me caiu um disco do Raul.”

De certa forma, o barbudo sempre perseguiu Sylvio. Aonde o jovem ia com os amigos podia ouvir o baiano: em parques de diversão, festas de aniversário e até em velórios. E ele odiava. “Mas, com a abertura da minha cabeça, absorvendo tudo de música boa brasileira, o Raul foi o que bateu mais forte. Primeiro pela musicalidade, porque tinha ali uma coisa de rock ’n’ roll e de blues. Depois, pelos textos e pela atitude dele.”

Por volta dos anos 1980, decidido a prestar uma homenagem para o seu ídolo depois de ver a imagem da carteirinha do Elvis Rock Club, fã-clube fundado por Raul para Elvis Presley, na contracapa do disco “Abre-te Sésamo”, lançado na época, Sylvio publica um anúncio em jornal procurando por itens do cantor brasileiro, incluindo o endereço do artista. Uma semana depois, o rapaz foi procurado pelo presidente do Cavern Club, fã-clube dos Beatles no Brasil. Ele tinha o telefone da casa de Seixas e queria se certificar de que o responsável pelo anúncio não era um lunático. Com o contato em mãos, foram precisos dois dias para criar coragem: “E se ele me mandar à merda?”. Mas ligou, e o próprio Raul atendeu:

— Alô, Raul?
— Alô, é o Raul, quem é?
— Aqui é o Sylvio.
— Oh, Silvio Santos, eu faço seu programa!
— Não, aqui é o Sylvio Passos, estou fazendo um fã-clube para você.
— Um fã-clube para mim? Nunca ninguém fez um fã-clube para mim. Você pode vir almoçar aqui comigo para me contar essa história?

O até então apenas fã quase não acreditava. Tinha 17 anos, pensava em cursar psicologia ou jornalismo, trabalhava, namorava, mas a visita na casa do Raul foi um “divisor de águas” na sua vida, nas suas palavras.
Passaram-se 36 anos desse encontro. De lá para cá, Sylvio aprofundou-se em estudos sobre filosofia, trabalhou como produtor musical, fundou sua banda e ainda se dedica a reunir informações sobre Raul.

A admiração de Sylvio por Seixas pode ser explicada pela valorização de características do músico que ele buscava acrescentar na sua própria vida. “Como em todo processo identificatório, o que é bom são as características positivas que a relação com o outro pode trazer. Assim, há diversos traços que vão estimular determinados hábitos e comportamentos nas pessoas marcadas por essa relação com seu ídolo”, diz a professora Vanina.

Aliás, as letras do Raulzito lhe chamaram a atenção pelos temas de questão existencial e filosófica, mas a postura do cantor era o mais marcante. “Não tinha outro artista no Brasil com aquela atitude”: por maisque Raul incorporasse influências americanas, sua brasilidade o tornava “um ser muito particular”, pois usava expressões tipicamente nordestinas. Aliás, seus amigos, também fãs de Raul, não entendiam aquelas frases, mas, para aquele filho de migrantes do Nordeste do país, elas eram muito comuns — o que só aumentou sua admiração por Seixas.

Como toda a mística que rondava a música de Raul, essa amizade parecia “coisa do destino”. “Ele tinha uma série de coisas coladas na parede, recortes de revista, fotografias de shows… e numa daquelas fotos tinha eu. Eu tinha estado num show dele no teatro Pixinguinha (em São Paulo) uns três meses antes e aí, naquele monte de fotos, eu disse: ‘Cara, esse cara aqui sou eu.’ Eu era cabeludo, jaqueta de couro, bem molequinho roqueirinho mesmo. Ele disse: ‘Não é a toa que você tá na minha casa, você é o escolhido’.”

Com duas semanas de convivência, a relação fã/ídolo tinha virado amizade, por mais que Seixas achasse a música que Sylvio ainda ouvia “barulhenta”. “O nosso papo girava, claro, muito em torno de problemas pessoais, críticas, filosofias, divagações, mas a música era uma coisa muito presente. Eu mostrava que o Led Zeppelin não era tão barulhento assim e eu também não gostava muito do Elvis. Então ele me ensinou a ouvir não só o Elvis como uma série de coisas que eu não conhecia ali do comecinho do rock ’n’ roll, e eu mostrei para ele umas coisas que ele meio que torcia o nariz.”

Raul chegou a ir à casa de Sylvio, conhecer os parentes do novo amigo. E a família, como reagiu? “Ficou louca.” A mãe é uma senhora rígida, “general e evangélica”, que naquele momento pensou que “o demônio” levava o filho embora.

— “Esse maconheiro…”, ela acusava.
— “Maconheiro coisa nenhuma, é só cachaceiro”, ao que o filho rebatia.

Silvícola também aprendeu a compor com Raul, numa convivência que se tornou praticamente diária. Ele ainda tem pilhas guardadas de discos trazidos dos Estados Unidos por Raul de presente. Tanta proximidade com seu ídolo fez, com o passar do tempo, que Sylvio adotasse o conceito de “antifã-clube” para sua própria fundação, por conta dos fãs mais aguerridos. “Eu comecei a ter um problema muito sério com fãs radicais demais, são muito fundamentalistas.” Segundo o produtor, ele ouvia críticas até mesmo se fosse visto com camiseta de uma banda que não fosse relacionada a Raul. “Eles falam até que eu sou traidor do movimento, que eu sou aproveitador, que eu uso isso para me promover. Pelo contrário, eu promovo Raul desde garoto e vou morrer fazendo isso. Mas eu tenho a minha vida.”

Se o Raul Rock Club não tinha a proposta da idolatria, mas da preservação da memória de um artista, o objetivo segue firme. Com o tempo, Sylvio ganhou itens do próprio Raul, da família e amigos do baiano e hoje mantém o maior acervo particular sobre o músico – ainda que nem a metade da sua coleção já tenha sido exposta ao público. “Ele começou a me dar as coisas, ele mesmo dizia ‘menino, você vai acabar fazendo um museu meu’.” No seu arquivo dizia: encontra-se o pijama usado por Raulzito na noite da sua morte, alguns dos seus cadernos e boletins escolares, ilustrações feitas pelo músico, roupas como a capa que Raul usava nos shows, manuscritos e várias outras preciosidades. Sylvio conta que seu item preferido da coleção pessoal é o primeiro violão de Seixas, que o cantor ganhou aos nove anos de idade, em 1954.

E a coleção só aumenta. Todas as informações que são publicadas sobre o músico na imprensa são catalogadas por Sylvio em um trabalho solitário. O vocalista da Putos BRothers já lançou livro, disco, participou de documentário, programas de rádio e televisão, “tudo que você possa imaginar”, sempre em nome da preservação do nome do Raul. É um trabalho que não traz lucros, e que ainda não conta com alguém que dê continuidade a ele – Sylvio está em busca de instituições “de confiança” que possam manter a coleção, mas sem “outras intenções”. Ele tem um filho de 18 anos, mas espera que ele não herde essa “cruz, no bom sentido”.

“Por que passar para outra pessoa? Vai saber o carinho, o cuidado que essa pessoa vai ter. Devolver pra família dele? Não sei, porque eles também têm o material deles lá. Na verdade, ninguém vai ficar aqui para contar história. Então, tem que deixar numa instituição que cuide, que zele e a que todo mundo tenha acesso, porque lá na minha casa não dá para levar todo mundo”, gargalha.

Atualmente, a série de objetos está na casa da sua mãe. Ele diz que não sabe quantos são, mas que nunca conseguiu levar toda a coleção para as exposições que já montou pelo país, pois são muitos. “Tudo sai do nosso bolso, porque é paixão. Não é aquela paixão de fanático, mas é uma coisa que eu faço com muito prazer.”

Nos shows com sua banda, Sylvio costuma ver família inteiras, com diferentes gerações reunidas cantando as músicas de Seixas, e ainda se admira de ver adolescentes que sabem tudo do ídolo. “Uma mãe de uma menininha americana de Washington, DC, me ligou um dia falando: ‘Minha filha é completamente enlouquecida pelo Raul, ela fica na internet vendo imagens dele’. Ela tem 12 aninhos, é uma criancinha com síndrome de Down e aqui no Brasil eu também já vi casos como esse.”

Então, o sucesso de Raul não diminuirá? “Daqui 100 anos você vai pegar um texto do Raul e ele vai continuar sendo superatual. Ele se utilizava muito da filosofia, e ela se mexe tranquilamente dentro do tempo. Daí a atemporalidade da música do Raul. Eu digo o seguinte: só vai ter um momento em que o pessoal vai ouvir a música do Raul e vai dizer ‘essa música é velha’… Será quando o Brasil for um paraíso de verdade”, conclui, rindo.

*Excerto do livro-reportagem Lado B: outro olhar sobre fãs de música, de Cíntia Luz Lima, apresentado como trabalho de conclusão de curso, uma exigência para a obtenção do título de bacharel em Jornalismo, do Curso de Comunicação Social do Fiam-Faam Centro Universitário.

Tributo a Raul Seixas – TOCA RAUL!
Domingo, 21 de janeiro de 2018

Putos BRothers Trio
(Sylvio Passos, Agnaldo Araújo & André Lopes)

19h00 – Ingresso: R$10,00

Grão Espresso Santana
R. Voluntários da Pátria, 3558
Santana – São Paulo/SP
Telefone: (11) 2978-4420
facebook.com/graovoluntarios


Neste ano de celebrações, 41 anos do lançamento de Sociedade Alternativa e 25 anos de morte do seu idealizador, o cantor e compositor Raul Seixas, a Profa Dra Juliana Abonizio e a professora da UFF, Rosana da Câmara Teixeira, decidram compor um livro com artigos que tomam o cantor, sua vida e sua obra como temas de pesquisa acadêmica. Ao todo, foram reunidos trabalhos de 11 autores que apresentam os resultados de suas pesquisas realizadas em importantes programas de pós-graduação de vários estados brasileiros, situados em diferentes campos das ciências humanas. O resultado deste empreendimento multidisciplinar trará a público reflexões instigantes sustentadas por distintas abordagens teóricas e metodológicas sobre o artista Raul Seixas que, a despeito da sua morte, ocorrida há 25 anos, continua presente no mercado fonográfico e na vida dos seus fãs.
A Editora EdUFMT, que dará seu selo para a publicação do livro, um sinal do mérito da obra e do interesse em sua publicação. O envolvimento da editora não implica em aporte financeiro e por esta razão, as organizadoras decidiram iniciar uma campanha para captação dos recursos necessários a efetivação do projeto. A publicação será custeada integralmente com o que for arrecado pelas contribuições feitas no site da campanha num prazo de 40 dias para atingir a meta de R$12.000,00 para a publicação de 500 exemplares.

Assim que o livro for publicado, exemplares autografados por uma das organizadoras serão oferecidos a todos os colaboradores de modo gratuito pelos correios em quantidade variável de acordo com os valores recebidos.

Clique AQUI para saber mais detalhes sobre a campanha e as formas de contribuir.

andarilho_16_10_14
Quinta, 16 de outubro, às 21h00, Putos BRothers Trio
( Agnaldo Araujo, Sylvio Passos & Thiago Toncovic Sindarsic)
Tributo a Raul Seixas
Abertura da casa 20h00
$15 Homem
$10 Mulher – até as 21h00
Após às 21h00
Homem R$ 17,00
Mulher R$ 13,00
Andarilho Bar
Rua Sampainho, 197
Cambuí – Campinas/SP
INF: (19) 3254-3721
http://www.andarilhobar.com.br

25 de outubro, sábado, Putos BRothers ACÚSTICKO (Agnaldo Araújo & Sylvio Passos)
À partir das 20h00
Onde: DiChopp Cervejas Especiais
Rua Paulo Emídio Pereira, 94 – Osasco/SP
Telefone 011 3685-2555
Abertura da casa: 12h00
https://www.facebook.com/dichopp